terça-feira, 7 de março de 2017

Reencontrar alguém depois de muito tempo, mesmo que virtualmente, traz toda sorte de memórias. Com toda nostalgia a que tenho direito, reencontrei um amigo da escola. Primeiro, fiquei muito feliz ao ver que ele ainda lembrava de mim. Também fiquei feliz ao ver quem se tornou hoje, ótimo profissional, crítico. Pensei em todas as mudanças pelas quais passamos nos últimos 15 anos e naquilo que se manteve. Hiatos que se estabelecem. Talvez permaneçam – gostaria que fossem pontes. Procurei fotos entre as minhas coisas-guardadas, uma materialidade para tentar dar conta do que o virtual não alcança.

Enquanto isso, uma querida amiga de uma década vai alçando seus voos, mais longos, me deixa orgulhosa e com saudade. Coração apertado.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

 
...
em caso de dor, ponha gelo...

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Balanços foram algumas das melhores coisas que tive quando criança (eram de madeira e corda, montados nas árvores pelo meu pai ou pela minha mãe).
Sempre brinco quando encontro algum apropriado ao meu 'tamanho adulto' nos parques e praças de Porto Alegre.
Prefiro os balanços, mas escorregar também me faz bem feliz...


quarta-feira, 7 de setembro de 2016

sobre nuvens

Tenho na sala um pequeno vaso com um trevo-de-quatro-folhas. Precisa de muita água, rego diariamente. Ao contrário de mim, o trevo se deprime com dias nublados: as folhas ficam finas, translúcidas e não crescem. Já nos dias de sol, quentes e secos, as folhas ficam fortes, as hastes firmes e a cor vibrante. 
Não sei o que fazer com minha sorte a contrário. 
Será preciso alegrar-me nos dias de sol e entristecer nos dias nublados? Por mais que tente ficar indiferente ao clima (é preciso produzir todos os dias), não consigo me desfazer da memória afetiva de criança: naquela época, no sítio, dias nublados e chuvosos eram dias de pausa, não só do trabalho mas da vida. Ainda não consigo gostar de qualquer coisa que me tire deste recolhimento.

domingo, 28 de agosto de 2016

Quando eu era adolescente queria ser física para explicar o mundo e desmascarar explicações sobrenaturais sobre qualquer coisa. Num certo sentido, foi bom eu não ter sido, pois teria me transformado numa cética arrogante (espero que hoje eu consiga ser apenas cética). Também precisava da Física para alimentar meu ateísmo (felizmente as Ciências Humanas suprem essa necessidade muito bem, melhor até).

Mas vejo meus ex-colegas da Física formados e sinto uma tristeza misturada com inveja. Como pude abandonar o sonho de ser ‘cientista’, alimentado desde criança? O que deu errado? O sonho era falso? Fraco demais pra se manter diante das dificuldades?

Ainda não consigo saber se me faltou coragem ou condições de seguir adiante. O que afeta nossas escolhas profissionais e nosso sucesso nelas? Bourdieu me vem à mente, assim como a inconfundível e inesquecível sensação de chegar na primeira aula e ver o professor falando uma língua que eu, de fato, não dominava. Frustrações sistemáticas seguiram-se por quatro semestres, até que escolhi outro curso, mas o Instituto de Física nunca ficou pra trás. Ou, melhor dizendo, o fato de eu ter desistido do IF, há mais de 10 anos, nunca ficou pra trás (sequer é amenizado pela conclusão satisfatória de outra graduação na mesma Universidade).

Lembro sempre de um colega que foi super mal na icônica primeira prova de Cálculo I, assim como eu, e na prova seguinte ficou com nota máxima. A pergunta de porque não consegui fazer isso me atormenta sempre. Medo, solidão, falta de persistência, fatores da estrutura acadêmica que estavam fora do meu alcance? Ou simples incapacidade intelectual? Os índices de reprovação nestes cursos são consideráveis, especialmente no primeiro ano. O que separa os que conseguem dar o salto qualitativo necessário daqueles que não conseguem? Sempre disse a mim mesma que seu não estivesse profundamente deprimida quando entrei na Física talvez tivesse conseguido dar conta. Não tenho como saber se isso é verdade ou se é uma mentira que mantive ao longo destes anos.

Agora no mestrado em Educação retorno ao Instituto de Física, tentando entender o que afasta as mulheres das ciências exatas. Dolorosas questões, que ficavam mais ou menos latentes, ressurgem com mais força. Creio que vou concluir a pesquisa com muitas informações interessantes, mas sem uma resposta pra mim.

Começo a pensar no que a Física representa pra mim, talvez seja um caminho pra tentar entender tudo isso, com todas as questões psicológicas e epistemológicas envolvidas.

sábado, 6 de agosto de 2016

Um conceito

Sábado, em torno das 16h. Da sala, esticar os olhos para as folhas verdes da ‘minha’ árvore e sentir a tranquilidade da rua sem saída que se vê pela janela. Céu nublado, o cinza escuro se misturando com as cores dos prédios, temperatura de aproximadamente 15°. Casa limpa, chimarrão quente, alguma coisa boa para comer e alguma coisa boa para assistir na tv.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

o som e o prazer

ar que entra na garrafa de vinho ao servir a primeira taça
faca cortando a casca do pão
timer do forno
dedos rápidos no teclado
chuva em qualquer superfície
palmas das mãos se tocando
lápis sendo apontado
unhas batucando o vidro
bolha de chiclete estourando
câmera capturando imagem
página virando
eletricidade estática na roupa
spray
carne grelhando
zíper abrindo
vento Minuano
pipoca estourando
água no primeiro chimarrão [espuma]
prato tocando a mesa
copos brindando
moedor de pimenta
água enchendo o copo
sapato pisando na madeira
unha no couro cabeludo
crocante nos dentes
chave girando na fechadura
o tempo passando nos relógios
...